52. O Novo Testamento
52.1- A Palavra que o Senhor proferiu a Moisés e aos
profetas de Israel chama-se Antigo Testamento ou Antiga Aliança. Diz-se
"Testamento" porque testifica do Senhor e das coisas celestes; e
"Aliança" porque lembra um acordo entre Ele e os Seus filhos, no
qual o Senhor promete lhes dar a vida eterna, contanto que eles rejeitem o mal
e cumpram os Seus Mandamentos.
52.2- A segunda coleção dos livros da Bíblia é
chamada "Novo Testamento" ou "Nova Aliança", porque
então o Senhor renova com a Igreja Cristã a aliança ou acordo que fez com
os filhos de Israel. O termo "concerto" ou "aliança" é
usado desde a época dos apóstolos (veja Gálatas 4:24, Hebreus 7:22, 8:6)
para designar o conjunto dos preceitos Divinos concedidos ao ser humano. Em
Lucas 22:20, no relato da última ceia, vemos que o Senhor chama o cálice de
vinho de "a nova aliança" (traduzido também por "novo
testamento"), renovando assim o antigo concerto feito com a raça humana.
52.3- Os livros da Bíblia que estão no Novo
Testamento são 27, a saber: 4 Evangelhos (Mateus, Marcos, Lucas e João), 1
livro histórico (os Atos dos Apóstolos), 21 cartas doutrinais apostólicas e
1 livro profético (o Apocalipse ou Revelação).
52.4- O termo "evangelho" vem do grego e
quer dizer "boa nova", referindo-se à boa notícia de que Deus
mesmo viera ao mundo para efetuar a redenção, como havia prometido aos
antigos. Os Evangelhos são os livros do Novo Testamento que tratam
especialmente desta vinda do Senhor ao mundo; são quatro e estão em forma de
relatos históricos; são nomeados segundo os seus autores, discípulos ou
apóstolos do Senhor que foram especialmente inspirados para escrevê-los
conforme determinação Divina.
52.5- O livro da Revelação ou Apocalipse é em
forma de profecias e é o único livro profético do Novo Testamento. O
Apocalipse ou Revelação foi assim chamado porque revelava o que haveria de
acontecer no futuro, descrevendo a maneira como o Senhor cumpriria Sua
promessa de vir de novo para estabelecer um reino eterno entre os homens.
52.6- Os demais livros do Novo Testamento são cartas
doutrinárias escritas pelos primeiros apóstolos às diversas comunidades
cristãs que então surgiam por toda a costa do Mediterrâneo e na Ásia
Menor. Dão instruções práticas para a vida e procuram expor, na vinda do
Salvador, o cumprimento da Antiga Aliança.
52.7- As características dos 4
Evangelhos.
52.7.1- Não podemos conhecer todas as razões pelas
quais foram escritos quatro diferentes relatos, quatro Evangelhos da vida do
Senhor. Sabemos porém que cada um deles é importante e foi necessário,
tanto para os homens como para os anjos nos céus. Contudo, podemos deduzir
algumas dessas razões quando consideramos que a necessidade imediata do Novo
Testamento era para que a Igreja Cristã recém formada pudesse se espalhar e
ser estabelecida por toda a terra; não era para ficar limitada somente a um
povo, como tinha sido o caso da Igreja Israelita e Judaica, mas devia abranger
as demais nações. Os ensinamentos do Senhor eram para ser recebidos por
todos os povos, e o modo de divulgar esses ensinamentos podia ser adequado
para uns, mas não tanto para outros. Por isso o Senhor fez que houvesse
diferentes relatos, cada um adequado aos diferentes tipos gerais de pessoas.
52.7.2- O primeiro Evangelho recebeu o nome de
Mateus, um judeu também chamado Levi e que exercia a função de coletor de
impostos designado pelo governo romano. Ele queria que seus compatriotas
recebessem os ensinamentos de Jesus e aceitassem a fé cristã. Por isso,
procurou lhes mostrar que todas as coisas que Jesus de Nazaré disse e fez
eram nada menos que o cumprimento das profecias dadas no Velho Testamento, o
que comprovava que Ele era o Cristo, o Messias há muito esperado por eles.
Esta é a razão de freqüentemente encontramos em Mateus a expressão:
"Isto aconteceu para que se cumprisse o que está escrito nos
profetas..." seguindo-se então uma profecia do Antigo Testamento
realizada em Jesus Cristo.
52.7.3- Mateus também procurou mostrar que o
verdadeiro sentido das Escrituras do Antigo Testamento tinha sido deturpado
pelas tradições que surgiram no decorrer do tempo entre o povo judeu. Por
isso, também, ele cita as palavras do Senhor: "Ouvistes o que foi dito
aos antigos...", acrescentando: "Eu, porém, vos digo..." E
assim, em todo o Evangelho, podemos ver que Mateus foi inspirado a escrever as
coisas que eram necessárias e ajudassem aos judeus -especialmente os mais
simples dentre eles - a deixar as falsas doutrinas e receber a verdade que o
Senhor viera ensinar.
52.7.4- Lucas era, como se crê, um médico grego;
desejava transmitir ao seu próprio povo a luz maravilhosa e nova que vinha do
conhecimento da obra e vida do Senhor. Os gregos em geral não conheciam o
Antigo Testamento; nada sabiam dos escritos de Moisés e dos profetas;
portanto, não fazia muito sentido citar para eles as antigas Escrituras. Para
receber o Senhor, precisavam ver que Seus ensinamentos estavam de acordo com
as esperanças mais elevadas, os sonhos mais sublimes de todos os homens em
toda a parte, e que esses ensinamentos não visavam somente o bem estar dos
judeus. Assim, para que os gregos e outros povos estrangeiros pudessem também
crer no Senhor, Lucas foi inspirado a escrever um Evangelho diferente daquele
que Mateus tinha escrito. Lucas quase não se referiu aos antigos textos
proféticos, mas se concentrou em descrever o Senhor de uma forma que Sua
misericórdia e Sua sabedoria fossem vistas em Seus tantos atos e palavras.
Não sabemos qual é causa e qual é a conseqüência, mas o papel que as
personagens femininas desempenham neste Evangelho têm relação com a esfera
afetiva tão marcante que percebemos em sua leitura. Lucas foi também o autor
do livro histórico intitulado "Atos dos Apóstolos".
52.7.5- João também era judeu, um pescador que
vivia à beira do Mar da Galiléia. João era, talvez, o mais jovem dos
apóstolos. Conhecia o sumo-sacerdote e os doutores da lei judaica e
possivelmente foi por eles instruído nas matérias filosóficas. Enquanto
Mateus e Lucas escreveram de um modo tal que as pessoas simples e sem
instrução pudessem entender, João foi inspirado por Deus a escrever um
Evangelho que iria satisfazer as pessoas mais cultas, os pensadores e
filósofos, para que também esses cressem no Senhor. João amava a
instrução e, na velhice, tornou-se homem muito culto. Só nessa idade foi
que escreveu o seu Evangelho, e o fez de uma maneira tal que pudesse provar
aos sábios que o Senhor era realmente o Cristo ou Messias que devia vir. Pois
o Senhor quer que todos as creiam n'Ele, não apenas os simples e sem
instrução, mas também os cultos e instruídos.
52.7.6- Por causa de sua pregação, João foi mais
tarde perseguido e exilado na Ilha de Patmos; ali ele teve as visões que
relatou no livro chamado "Apocalipse". Além do seu Evangelho e do
Apocalipse, João também foi o autor de três outras obras do Novo
Testamento, três epístolas ou cartas que também levam o seu nome.
52.7.7- Não podemos definir uma razão especial para
o Evangelho de Marcos, embora muitos tenham concluído que ele escreveu mais
para os romanos, a fim de que estes aceitassem os ensinamentos do Senhor. Pelo
menos, pode-se dizer que ele escreveu de uma maneira muito simples, muito
direta e muito resumida, sem qualquer preocupação em comentar, mas apenas
deixando que as maravilhas feitas pelo Senhor falassem por si mesmas. Esta
forma de se expressar parece ser mais de acordo com o caráter dos romanos,
que eram pessoas muito práticas. Seja como for, podemos estar certos de que
houve uma finalidade para o Evangelho de Marcos na obra de estabelecimento da
Igreja Cristã. Porque a Divina Providência do Senhor dirigiu os evangelistas
quando estes escreviam os livros, e os escolheu para que escrevessem de uma
maneira tal que ficassem registradas todas as informações necessárias para
que todos os homens pudessem compreender as verdades Divinas e seguir seus
ensinos. Há partes de Marcos que são muito semelhantes ou, até,
reproduções de textos de Mateus. Sobre esta semelhança entre estes
Evangelhos falaremos adiante.
52.8- As Cartas Apostólicas
52.8.1- Outros 22 livros do Novo Testamento são as
chamadas cartas apostólicas, sendo que uma delas (os Atos dos Apóstolos) é
um relato histórico e as demais são cartas doutrinárias ou de instrução
para a igreja, como se falou acima.
52.8.2- Os "Atos dos Apóstolos" ou,
simplesmente, "Atos", são relatos a respeito do que aconteceu nos
primeiros anos da Igreja Cristã, a começar das primeiras semanas decorridas
após a ressurreição do Senhor até às viagens dos apóstolos aos vários
centros civilizados da Ásia Menor, norte da África, Europa e ilhas do
Mediterrâneo, por onde a Igreja nova se espalhara. Os "Atos"
trazem, no seu início, o relato da ascensão de Jesus, Suas últimas palavras
neste mundo e o milagre singular do batismo espiritual com o poder Divino do
Espírito Santo. Em seguida fala das pregações dos apóstolos Pedro e João,
da perseguição movida pelos líderes judeus, da conversão de Paulo e de
alguns pagãos, das viagens empreendidas para a pregação do Evangelho, das
dificuldades enfrentadas, dos debates, etc.
52.8.3- As demais cartas doutrinárias foram escritas
pelos apóstolos (antigos discípulos) Pedro, João, Tiago, Judas, como
também pelo apóstolo Paulo, que não fora discípulo do Senhor. Visavam a
levar instrução moral e religiosa aos grupos cristãos nas diversas cidades
ou regiões, tratando de temas muito específicos, adequados ao estado
espiritual de cada grupo ou igreja, para dar-lhes a necessária orientação
da vida segundo a nova fé cristã. Dessas cartas, 9 foram dirigidas por Paulo
aos cristãos de Roma, Corinto, Galáxia, Éfeso, Filipo, Colosso e
Tessalônica. Outras 4 eram cartas particulares que Paulo enviou a Timóteo, a
Tito e a Filemon. Uma outra é atribuída também a Paulo, mas não há
certeza quanto a isto. As outras cartas foram enviadas pelos outros apóstolos
citados acima.
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